Sem poesia

O tempo urge lá fora, soprando,

Ocultando o gemido das folhas

Exaurindo a melancolia úmida e fria,

Empoadas de olheiras noturnas,

E túneis silenciosos de mistérios

As ilhas fantasmas deslizam glaciais

Pelo quarto, onde o corpo recebe a moldura inerte

A alma miserável ergue-se no fadado jazigo,

A maldita insônia perde-se no céu liso

Segurava a doçura invisível do papel

Com as mãos ásperas, pendentes, sem amor

Sem poesia, sem acordes.