O OLHAR DA MADRUGADA

Nessa minha vida de boêmio

Sem querer fui me perder

Entre a espuma da cerveja

E as orgias da madrugada

Prometidas no olhar

De cada uma das mulheres

Que um dia eu amei

E talvez tenham me amado.

Olhos azuis como o céu

Sem nuvens no horizonte,

Olhos quentes como um dia

De verão incandescente.

Olhos que se escondem

Retirando-se para rezar

Quando a tardezinha

Lá no alto da serra

A luz do sol se esvai

Na agonia do por do sol.

Olhos verdes

Como a grama do jardim,

Olhos que se banham

Na luz do luar,

Olhos de primavera

Com rosas florescendo

Perfumes e espinhos

Para machucar a dor

De quem chora o riso

Da mulher amada.

Olhos castanhos

Como as folhas de outono

Caídas na calçada

Da rua casa

Da nossa casa,

Sem ventos mornos,

Sem promessas de chuvas

Que nos levem na enxurrada.

Olhos negros!

Negros como a noite

E gelados como a madrugada!

Olhos perdidos em desânimo

No descaminho da vida

Que a vida escolheu

Pra caminharmos descalços.

Olhos de encruzilhadas

Sem destino certo,

Sem tabuletas

De endereço,

Sem lugar para chegar.

Olhos perdidos nas cores

De todos os olhares

Nos quais me achei

Antes de me perder

Pra nunca mais me achar.

Abner poeta
Enviado por Abner poeta em 04/04/2011
Código do texto: T2888385