Estação do amor
Cupidos à solta, em cheiro sensual tingindo os ares,
os versos, as rimas, as entrelinhas subliminares,
poemas borrados de batom e libido tão em voga,
impregnando cabeças enflorescidas e enlouquecidas,
para no amor saciarem e se derreterem de prazer!
Poesia e Amor
abraçados em mise-en plis ofegante,
comovente, sem constrangimento de pudor,
benção que favorece a interação amorosa
de dulcíssima e essencial necessidade,
para a alma desnudar-se completamente,
tal praias afundadas e desvirginadas pelos mares selvagens.
São sonhos que se impõem devorando
e monopolizando versos,
transfigurando cada espaço que ao amor se doa,
em palavras e rimas, beijos e afagos,
exclamações e suposições,
exclamações e delírios,
e as reticências a mil...
ah! definitivamente amo-as todas,
devassadoras de intimidades deliciosas,
verdadeiro abre-alas de preliminares não censuradas
e libérrimas, para libertar instintos encarcerados,
comovidos e adocicados a néctar etéreo,
que impregna tudo de sensação acariciante e irresistível!
Em pleno festival de versos amantes,
embriago e me desnudo inteira,
emocionada semeio encontros marcados,
outros programados de tantos outros em gestação,
alucinadamente esperados, temperados com pimenta e amor,
que me perco da realidade,
sentindo neles a doçura do teu falar,
a doçura do teu olhar amolecendo a dureza
deste coração cansado de ansiar
e definitivamente decidido e confesso,
um eterno carente de ti,
único homem capaz de mudar o meu modo de ser!
Andarilhando na cumplicidade de versos amorosos,
em minhas entranhas fazes morada,
secas cada uma de minhas mais remotas lágrimas
com teus beijos ávidos e temperados de amor e volúpia,
acendendo minhas floreiras da alma,
e exultante, quebro meu vaso de alabastro
e te banho no meu perfume precioso e sigiloso,
sem me importar com o que outros dirão,
neste momento que é meu e teu,
é nosso, desde que o amor, num abraço,
despedaçou as correntes que nos prendiam!
Nos versos debulho e derramo todo o meu amor,
para te impregnar do aroma da minha adoração,
amado meu, espelho do meu destino,
tanto de mim migrou para ti,
que não paro de olhar, ouvir e amar-te,
a única forma de me enxergar.
Santos-SP-11/11/2006