ODE A JORGE AMADO

Quem visita as ladeiras da cidade
Ou mesmo os arredores de Salvador
Pode sentir com toda facilidade
O perfume emanado por Dona Flor...
Muito nova, a viúva arretada,
Ficou só quando o Vadico faleceu

Mesmo assim continuou apaixonada
E para ela o Vadico não morreu...
Ela ia às igrejas e orava,
No terreiro de Mãe Pequena girava
Para que pudesse Vadico esquecer...
Mas ele lhe aparecia sorrindo,

Quando acordada ou mesmo dormindo
E sobre ela exercia o seu poder...
Assim com o fantasma ela vivia
E só com ele alcançava o prazer
Mas tinha que esquecer a fantasia
E comandar a sua vida e viver.
Nesta época ela foi cortejada
E pelo farmacêutico foi amada
Que lhe pediu sua mão em casamento.
Foi assim que a viúva arredia
Tornou-se a esposa, noite e dia
Ficando feliz durante algum tempo...

Mas Vadico, o fantasma arretado,
Por ela continuava apaixonado
E certa noite, ele lhe apareceu...
Aparentando não estar ciumento
Olhou para o marido sonolento
Com olhar debochado e escafedeu...

Assim, Dona Flor com os dois maridos,
Convivia com seus entes queridos
Com sua igreja e com o candomblé
E fazia seus quitutes tão gostosos,
Com cheirinho de canela, saborosos,
Amendoim torrado e acarajé!