Talvez eu não saiba de amor falar
Talvez não saiba senão de amor falar
mas de amor falar
não sei deixar de me enganar
engano-me nas horas
nos dias
nas portas
engano-me nas camisas
nos banhos
e os horários de adormecer
engano-me por tanto te pensar
mas
neste vagar
o tempo renasce a cada segundo
que não me importo sequer
de te ver
de me apaixonar
não
porque tenho tanto tempo para te ilustrar
porque tenho imenso tempo para te poetizar
sejas na forma de uma folha
flor-de-sal
ou vento do mar
seja na brandura do sereno
ou no esfoliar das areias
o meu amor é por ti louco
oh
forma informe
que te dou nas minhas telas
sejas a cores
a preto e branco
um pixel
um ponto
não sei onde acabo de te conhecer...
Paulo Martins