Querid@ Amig@,


Aldo Urruth conta, neste Poema, a história de um amor paciente e benigno...

Encantada, partilho...:)


"De como Amar a uma Estrela


Amá-la intátil mas sentindo dor

Beijando beijos com lábios de luz

Abraçando o espaço do universo-cruz

E cantando mudo os cantos de amor.


Em anosmia farejando o medo

Que marca ácido o tronco da língua

E o da ausência paladar azedo

Que fere sangra dói e mata à míngua


Desesperado e ensurdecido dela

Aprisionado na dos anos cela

Contando dias implorando ao tempo

O cumprimento que não acelera


Da “Paene” perpétua pena tão comprida

Das injustas velas que tem pra apagar

Pedágio caro que nos cobra a vida

Se nos perdermos na estrada do amar


Como uma rosa que sobe a montanha

E se conserva morta no lençol da neve

Ou navegando em sonho-barco leve

Quando a onda-fera do tempo o apanha


E a mesma mão que o leme não alcança

Também não pode tirá-la pra dança

Mumificaram os gestos sedutores

E o seu “tambor” apressa os remadores


Que remam e remam no barco bufão

Mas a nau medrosa não sai do lugar

Perdendo as forças remam o tempo em vão

A história madrasta não quer navegar


Enfuna as velas com as brisas calmas

Desrumando a vida pra rota das almas

Dorme sonhando na macia alfombra

Se embriagando com a espera a ela


Reza que desça de sua passarela

Para alumiar à iludida sombra

Que canta ao astro seus cantos de longe

E a segue amando como a vida quer

Amando à Estrela com amor de monge

Até que um dia amanheça mulher."

 


A justificativa de Aldo Urruth:

("Esse texto retrata a História de quando, no início do século passado, lá

no interior do Rio Grande, tendo 26 anos de idade, meu Pai casou-se

com a minha Mãe de 13, apenas, o que era comum à epoca. O Poema

tenta mostrar a Coragem e a Angústia sofrida por ele, que resolveu,

espontaneamente e por consciência, respeitá-la, sem tocá-la, por três

longos anos, até que já tivesse mais Corpo e cabeça de Mulherzinha, que

naquela época acontecia mais cedo. Ele a Amou de longe, como se

Amasse a uma Estrela, até que chegasse o dia das suas núpcias. ")


(Aldo Urruth, "De como amar a uma Estrela", republicado no Recanto  das Letras, em 19/05/2010)


Em tempo: publicação autorizada pelo autor, Aldo Urruth.


Angela...:)