GRITO DE DOR
2
No silêncio do seu olhar
Capturei um grito
De angustioso desamor!
E depressa fui prendê-lo
Enclausurando-o nos versos
De uma gaiola dourada
Nas estrofes dessa poesia.
Mas o desamor
É ave agourenta!
E depois que se liberta
Estilhaçando as janelas
Da alma descuidada,
Não pode ser contido
No espaço de um verso.
Na primeira oportunidade
Quebra as grades
E arrebenta as correntes
Nas linhas traçadas
Pela pena de um sonhador.
Depois salta ligeiro
Aos olhos desavisados
Para aninhar-se nos lábios
Como um grito de dor
Que o poeta escondeu.