Loucura de ti

Quando eu for nos teus olhos chorar

deserta-me como um indigente

pedinte do espaço

mais sideral e austral

para lá dos autos

e das barcas

e dos infernos de Dante

lá onde me choram melancolias

tortuosas...

Quando eu for te amar

desperta-me como um cadáver ardente

mesmo que te soe a podridão

a solidão e a neura...

Mesmo que tormentosas

vias sacras

opus dei

e coisas barbaras me acoitarem

me trucidarem

me exumarem...

deixa que o tempo do times

me persiga nos teu sonhos

cândidos olhos que perco

a vez

e de vez enquanto

por te amar

amar

amar

... nesta cegueira infernal.

Quando acordar

deseja-me

como te desejo infâmia

sobre hordas hostis de zumbis e coisa feias

noites esvoaçantes nas beiras dos cemitérios

qual um conto exótico de Bram Stoker

ou vampiresco

ou doravante

ou do espaço

ou do nada andante

uma alucinação

uma contracção

uma dor

que doí

ou um berro que berra

ou um ai de aflição

uma beira d'água

um estremunho

uma rebelião

um incêndio

um todo no fundo

um ou dois copos de vinho

uma chávena emborcada

o sabor amargo do fel

uma tisana de curar o fígado

ou a alma

ou o Deus-me-acuda

... sou o teu sangue

as tuas veias e os teus afins

Enlouqueço!!!

Paulo Martins

PauloMartins
Enviado por PauloMartins em 31/03/2011
Reeditado em 21/11/2011
Código do texto: T2882338
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