Inconfessável
Edson Gonçalves Ferreira
I
"De quem eu gosto..."
Escuta a música e reconhece minha paixão por ti
Teu coração já faz parte do meu
E teu corpo já ascendeu o meu
O fogo sagrado nos consome
"nem às paredes, confesso..." , embora saibas
Para quem não nos compreende, fica o fado consagrado
Nós o escutamos com os ouvidos da alma
"Não queiras gostar de mim..."
Sim, a música insiste, mas tu me amas, eu sei
"Sem que eu te peça"
E, amantes, somos para o sempre um do outro...
II
Sentimos calafrios de paixão
O desejo ardente mútuo da entrega
E a canção nos embala : "Nem me dês nada que, ao fim,
eu não mereça..."
Quanta paixão nessa música que nos embriaga!
O segredo da entrega, nós nunca confessaremos
A fogueira deste amor incomensurável
Jamais impossível, desfrutado à sombra da lua
Sob as luz das estrelas
E orquestrado por esse fado que geme.
"Mesmo que penses, que me convences, nada te digo..."
Meu silêncio fala mais quando te pego
Ao som dessa música dolente
Tão dolente quanto meu amor luso-brasileiro por ti...
III
"Podes rogar,
Podes chorar,
Podes sorrir também..." - é tudo o que eu quero
Amar-te assim sussurando palavras
Sob os acordes desse fado.
Meu corpo é altar onde tu ascendes
A vela sagrada e sacrílega do amor
E, mesmo assim, "Nem às paredes, confesso..."
Cruficificamo-nos é assim
Os cravos da paixão
No calvário do nosso silêncio passional
Não te pedi como na música
"Não queiras gostar de mim,
Sem que eu te peça,
Nem me dês nada que ao fim
Que eu não mereça... "
E tu me aceitastes mesmo assim
Na minha imperfeição de amar sem promessas
Com tamanha entrega que tu caístes em meus braços
Ciente de que
"De quem eu gosto, nem às paredes confesso
E até aposto, que não gosto de ninguém..."
IV
Ah, essa música atrevida insiste em me atormentar
Então, eu choro, ouvindo-a, choro
Há tristeza e alegria no meu pranto
E eu te vejo sorrindo,
Debochando do meu amor inconfessável
Enquanto o fado invade o nosso quarto de amor, dizendo
"Eu sou sincero
Porque não quero
Dar- te um desgosto... "
E, foi assim, quantas vezes,
Que partimos sem nos separar
Corpos longes, almas juntas
Somos doidos de paixão, embora eu e o fado digamos
"De quem eu gosto
Nem às paredes confesso..."
Ciente de que tu sabes
Sou teu poeta e teu corpo é o meu poema mais perfeito
E a tua alma é a afinação do lirismo em que me perco
Quando, sozinho, aflito e desesperado, canto
Como se eu gritasse, melodicamente:
"De quem eu gosto, nem às paredes, confesso".
Divinópolis, 30.03.2011
Caricatura do poeta Edson Gonçalves Ferreira feita por Ziraldo
Edson Gonçalves Ferreira
I
"De quem eu gosto..."
Escuta a música e reconhece minha paixão por ti
Teu coração já faz parte do meu
E teu corpo já ascendeu o meu
O fogo sagrado nos consome
"nem às paredes, confesso..." , embora saibas
Para quem não nos compreende, fica o fado consagrado
Nós o escutamos com os ouvidos da alma
"Não queiras gostar de mim..."
Sim, a música insiste, mas tu me amas, eu sei
"Sem que eu te peça"
E, amantes, somos para o sempre um do outro...
II
Sentimos calafrios de paixão
O desejo ardente mútuo da entrega
E a canção nos embala : "Nem me dês nada que, ao fim,
eu não mereça..."
Quanta paixão nessa música que nos embriaga!
O segredo da entrega, nós nunca confessaremos
A fogueira deste amor incomensurável
Jamais impossível, desfrutado à sombra da lua
Sob as luz das estrelas
E orquestrado por esse fado que geme.
"Mesmo que penses, que me convences, nada te digo..."
Meu silêncio fala mais quando te pego
Ao som dessa música dolente
Tão dolente quanto meu amor luso-brasileiro por ti...
III
"Podes rogar,
Podes chorar,
Podes sorrir também..." - é tudo o que eu quero
Amar-te assim sussurando palavras
Sob os acordes desse fado.
Meu corpo é altar onde tu ascendes
A vela sagrada e sacrílega do amor
E, mesmo assim, "Nem às paredes, confesso..."
Cruficificamo-nos é assim
Os cravos da paixão
No calvário do nosso silêncio passional
Não te pedi como na música
"Não queiras gostar de mim,
Sem que eu te peça,
Nem me dês nada que ao fim
Que eu não mereça... "
E tu me aceitastes mesmo assim
Na minha imperfeição de amar sem promessas
Com tamanha entrega que tu caístes em meus braços
Ciente de que
"De quem eu gosto, nem às paredes confesso
E até aposto, que não gosto de ninguém..."
IV
Ah, essa música atrevida insiste em me atormentar
Então, eu choro, ouvindo-a, choro
Há tristeza e alegria no meu pranto
E eu te vejo sorrindo,
Debochando do meu amor inconfessável
Enquanto o fado invade o nosso quarto de amor, dizendo
"Eu sou sincero
Porque não quero
Dar- te um desgosto... "
E, foi assim, quantas vezes,
Que partimos sem nos separar
Corpos longes, almas juntas
Somos doidos de paixão, embora eu e o fado digamos
"De quem eu gosto
Nem às paredes confesso..."
Ciente de que tu sabes
Sou teu poeta e teu corpo é o meu poema mais perfeito
E a tua alma é a afinação do lirismo em que me perco
Quando, sozinho, aflito e desesperado, canto
Como se eu gritasse, melodicamente:
"De quem eu gosto, nem às paredes, confesso".
Divinópolis, 30.03.2011
Caricatura do poeta Edson Gonçalves Ferreira feita por Ziraldo