Um poema meio sexo sem nexo
Doce
louco...
delirante
pedaço de pele molhada
que se liberta com saudade
a cada dentada
de sabor tremido
és orvalhada
gemebunda
de vontade e fome
fome tremida
que te tenho nos meus braços pendurados
onde me perco sôfrego
em cada silaba
em cada imagem
em cada uma das tuas loucas
bolhas de saliva...
neles juro amor eterno
neles trituro a vontade
de te morder
comer
fundir-me
danço no teu exo-esqueleto
a cada batida do teu coração
danço até ao fim do nosso amor
não quero saber onde rimo
nem onde me perco
não sei onde vomito letras
prosas
estrofes
encantos de te poetar
sou como os gafanhotos
que aparecem na época seca
com aquelas fomes diluvianas
sou como a raça de touros que acusa a estocada
mas recebe os louros depois da morte
sou teu toureiro aromatizado
sou fecho-ecler
sou navegador
brindo o tempo sem tempo
escrevo o amor aos tropeções
paragrafo a paragrafo
porque amar-te é romântico
sublime
gostoso
é bué!
Escrevo-te sem nexo
as vezes sem sexo
sou o eixo
a fome do trecho
o caminho sobre as tuas curvas
os teus lábios adoçados
meus beijos perdidos
desamparados
projectados
uma virgula
uma exclamação
um viva da multidão
minha terna e doce paixão
amo-te infinito
sobre o céu catastrófico
sobre a brandura do tempo
mas ninguém sabe
tão bem como eu
como é bom de beijar teu beijo
ninguém sabe
eu tenho promessas
e juras
eu tenho o teu beijo
posto no meu poema
eu tenho-te
posta no meu cantar
eu tenho-te sobre a alma glória
tu mulher da vitória
... Deixa-me dizer: Amo-te!
Paulo Martins