E o amor resistiu ao tempo...
I
Conduzindo noites às manhãs onde não se vê:
Ó, o cego que se finda daquela noite já morreu
E o que nasceu naquela manhã já entorpeceu.
II
Cedo de mais, talvez, o tenha possuído em veneno breve:
Já louco, abraçando aos fios de sua demência pascida,
Tornou-se visto àquela interminável amada tua – a despedida;
Tão suave de entrega quanto aquele repúdio indomável,
Onde tarde, aquilo dentro, sentia morrer junto à relva;
E que o absteve distante; longe dali o inefável.
Mas suscitavam os tardios amores, ávidos e loucos. - ele cantava.
III
E despida, a noite trouxe-lhe os delírios de amantes
Que adornados ou não, corrompia em beijos frios
Aquele traidor, que de tanto, sorvia-se daqueles errantes:
Ah, aqueles amores errantes, bastardos vazios,
Réstia da noite, que no desamor trágico do tempo não amou.
E nem a lua, amante tua, te conteve o céu de estrelas,
Errante noite, breve e fria como o beijo de quem errou.
IV
És tu, e somente tu, ó manhã cega dos cegos loucos
Que os poetas cultivam naquele jardim de culpa e devassa,
Onde homens não pisam, mas se enterram aos poucos
Com seus amores, cheios de amores; como loucos e crassos.