O PALCO
Quem sabe um dia o destino ponha fim nesse espetáculo
E se desfaça todo obstáculo edificado por trás da invisível maquiagem
Em vez dessa forjada miragem que se atraca a um vaidoso tentáculo
Suba a virtude ao pináculo e em tua alma desponte uma bela paisagem!
Tomara advenha a cena derradeira desse leviano roteiro
E qual nascente de um ribeiro, brote algo puro de teu íntimo
Que o teu sol não seja ínfimo e tua noite se transforme num luzeiro
A produzir um horizonte verdadeiro em vez desse cenário cínico!
Talvez assim teu beijo e teu abraço não sejam mais dramatizados
E os teus gestos tão representados se trajem de alguma autenticidade
Para que a lente da verdade não filme sentimentos forjados
E os aplausos sejam dados para louvar a exemplar sinceridade!
Posto que o amor tão celebrado na arte sofismática da ludibriação
Não pode enganar um coração e reduzir-se à mera ficção do abstrato
Ele há de ser um eterno fato, que vai além da mais habilidosa ilação
Não é fantoche para encenação e nem o show de um mentiroso palco!
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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor