A beira do nada
Sei
que te vou encontrar
... amanhã!!!
Não te esqueças
de me esperar...
Senta-te
à minha beira
acende o cigarro
... Deixa-me olhar-te!!!
Isso,
mexe o café
que redemoinha pela chávena,
mexe
numa cabala entre o café
e a colherinha
e o olhar
penetrante de mim,
em ti
ávido
déspota
tirânico
... FEITICEIRA!!!
Mexe...
Como se mexesses em mim
sussurra-me:
-Amor!
Deixa que te diga amo-te!
... Dar-te um beijo
... Não te esqueças de mim
senta-te à minha beira...
Anda amor
nesta cantiga isolada
sobre o frio desta insólita esplanada
Anda aqui
onde não existe mais nada
senão: eu!
Tenho frio
do frio
testemunha do tempo...
O grito
Sentado sobre o inverno entre os mares
hirto e teso
no pensamento fugidio de ti
No pensamento
demorando de um beijo teu
e assim fico...
Deixa-me amar-te...
Outra vez
mais uma vez.
Deixa-me estar aqui
neste lugar onde nada mais existe
senão Tu!
Paulo Martins