Nostalgia a beira-mar
Tenho dó do inquieto Oceano
nem as ondas crescem na brisa ventada
e as gotas de chuva tardam em molhar-me a alma
já tenho saudades de te abraçar à chuva
mas eis que,
sobre uma enorme alça de areia
surges suspirada
no vento que torna a esquina da duna
e no suspiro do ar vindouro
lembrei-me de ti
nostalgicamente!
Ah
suspiros...
Tenho vontade de te amar...
Sonho
um pensamento erróneo
membrana tristemente amarrada
do meu passado
meu himeneu
transbordante de felicidade
uma racha aberta em sangue
uma ferida cerrada no meu olhar
além:
Alcanço o céu que se atormenta no pôr-do-sol
além, alcanço-te imagem virgem de um gineceu
além distante partes
no outro Oceano
e tenho vontade de te embalar no meu corcel
aquela vontade dos homens sem tino
dos homens dementes
...
Porque me atormentas?
Estou tão afastado de ti
como sempre estive tão perto
porque o meu medo
mesmo te tendo
era imenso cada vez que de mim partias
agora nesta apatia
eu e o meu mar
estamos na imensidão do nada
na esperança que apareças
de alguma forma
nem que seja numa leve brisa
ou temporal
e se assim mesmo que breve
te tornasses;
Eu saberia
que diante da vida
um mundo nos divide;
Eu saberia que diante
do tempo
o meu mundo é o teu;
Eu saberei
que acima do tempo e do mundo
tudo o que sou
és tu!
Paulo Martins