CONFESSO

Sim, senhor Juiz,

Eu confesso!

Sou apenas um humilde escritor

Às vezes, até arrisco-me a versar.

Nem sei se o que escrevo faz sentido algum,

Acho que são apenas rabiscos.

Só sei que um dia,

Nas entrelinhas de meus escritos,

Por uma metáfora qualquer,

Ou quem sabe, numa pobre rima,

Despertei o interesse da mulher

Que hoje, aqui me acusa.

Confesso que prejulguei a mim mesmo

Quando não percebi...

Alias,

Fui mesmo um covarde!

Imaginem,

O amor que eu tanto sonhara encontrar,

Estava plasmando diante de mim

Na forma de mulher poetisa,

Cujo encanto do olhar me dominara,

Era como se ela sorrisse e brindasse,

Por cada pobre rima de meus escritos.

Meritíssimo!

Ela conseguiu ver a minha alma naqueles versos....

Ela conseguiu...

E agora quero confessar,

Que deste momento em diante

Meus dias trasbordaram de esperanças

E minhas noites que eram vazias e insólitas

Finalmente, foram povoadas por sonhos de amor

Mas eram apenas sonhos...

Nada mais...

Até que num dia mágico,

Aquela que pra mim era intocável,

Tocou-me.

Ela foi de uma doçura superior a qualquer néctar já oferta aos Deuses

E me chamou de meu poeta!

Foi como se o mundo tivesse ficado pequeno

E só nós existíssemos naquele momento

E nada mais importava...

Nada...

Senhor Juiz,

Inexplicavelmente, neste primeiro contato,

E em apenas em um único dia,

Que ficou marcado para sempre em nossas lembranças,

Trocamos informações sobre nossas vidas pessoais.

Ela ficou sabendo de toda a minha vida, e eu da vida dela,

E sem receios confidenciamos

Nossos mais íntimos desejos,

E por horas falamos de nossas infelizes

E fugazes relações passadas,

Bem como, de todas as procelas enfrentadas.

Por fim, ela me aceitou,

Tornando-me assim, seu Rei,

Pois pra mim, ela já era a minha Rainha.

Não é incrível senhor Juiz?

Então,

Naquele sublime momento,

Semeamos o nosso amor,

Na certeza da colheita farta,

De um amor inconteste e infinito.

Concluímos que o poema de nossas vidas

Fora escrito pelo nosso poeta Maior: Deus

Uma ressalva apenas senhores!

Somos normais,

E como tais,

Também cometemos erros,

Entretanto,

Como olhamos sempre na mesma direção

Conseguimos contorná-los

E nos amamos cada vez mais...

Agora que os senhores já sabem,

A razão pela qual ela me culpa por estar feliz,

Gostaria de ficar de pé,

Pois tenho um último apelo

A fazer a ela...

Amor!

Minha Vida!

Agora é hora de gritar,

Bradar ao mundo

Que eu sou teu,

E que tu és minha,

Que o nosso amor é verdade,

E a paixão que nos consome não é efêmera,

E sim perene.

Então só me resta reafirmar a minha culpa

E declararei a todos, em auto e bom tom,

Que sou louco por ti, que te amo!

E que este julgamento foi em vão

Pois pra você, que é a autora no processo da minha felicidade,

Nunca neguei, e não me negarei a dizer,

Sempre!

Que serei teu eterno Réu...

Confesso!

IVAN CARVALHO
Enviado por IVAN CARVALHO em 10/11/2006
Reeditado em 10/11/2006
Código do texto: T287396