TEU OLHAR, UM LAGO TRANSPARENTE
A vida me seria alegre e mansa
Se no teu olhar – um lago transparente –
O meu amor, num êxtase dormente,
Vogasse na barquinha da esperança.
Se viesse perturbar tanto zelo
O bramido dos ventos, inclemente,
Lançando os meus cabelos à corrente
Salvar-te-ia agarrado aos meus cabelos.
Mas desse olhar não me fizeste a esmola;
A lembrança, porém, que me consola
É que tu há de volver aos céus, um dia.
De alguma estrela irá juntar-te à chama
E do cipestre atravessando a rama,
Virá banhar a minha campa fria!
A vida me seria alegre e mansa
Se no teu olhar – um lago transparente –
O meu amor, num êxtase dormente,
Vogasse na barquinha da esperança.
Se viesse perturbar tanto zelo
O bramido dos ventos, inclemente,
Lançando os meus cabelos à corrente
Salvar-te-ia agarrado aos meus cabelos.
Mas desse olhar não me fizeste a esmola;
A lembrança, porém, que me consola
É que tu há de volver aos céus, um dia.
De alguma estrela irá juntar-te à chama
E do cipestre atravessando a rama,
Virá banhar a minha campa fria!