Renatinha

Lágrimas vertem

No semblante inebriado

De tua face austera.

Nunca vira oceano jorrar

De fonte mais mansa.

Nunca ousara tocar-te a fronte

No horizonte esquecido

Do teu passado ora presente.

Soube sempre

A quente lava sulfurosa

Que derramas

A limpar a alma inquieta

De tua existência singular.

Cri na transparência

Dos olhos marcados

Ou na emergência vermelha

Das narinas em brasas

Ou na indecência de teus lábios

- lembra? -

Em carne viva.

Viva!

Tu conseguiste sair do ovo!

Sê, de novo, a estrela

E brilha como fogo

No instante em que despertares

Para a vida

Que ora renasce!