PASSARELA DA DOR
Quando passas pela rua da cidade
A avenida transforma-se
Em iluminada passarela,
E meu olhar te acompanha
Disparando fleches de saudade.
Mas você não me vê!
Se me vê, não enxerga!
Se me enxerga,
Não me conhece!
Se me conhece
Finge que me esquece.
Então me encolho assim
Em náuseas de orgulho
Engolindo o pranto
Que ameaça saltar
As janelas da alma
E fujo para dentro de mim.
Se eu não te visse...
Se eu te esquecesse...
Quem sabe assim
Pudesse recolher
Os cacos da ilusão
Para remontar novamente
O meu pobre coração.
Mas de nada adiantaria
Tal ato de desespero
Pois essa desgraçada paixão
Feriu com tanta força
O meu sofrido peito.
Que só o que me resta
É aceitar minha sorte
E abraçar a morte
Que me arrasta para o chão.