Coisa Celeste
O que silenciei nestes tempos passados
foram as sementes da essência mais pura
do sentir que nasce e por sempre dura
nas palavras ditas, nos olhos calados.
O que quis dizer-te e oprimi na alma,
são as primaveras que enchem de flores
os olhos e a boca de doces sabores
e do coração são a luz e a calma.
Foi por um momento quando nos olhamos
e revi o que fomos em tantos instantes
nas horas alegres, somadas, constantes,
nas dificuldades que, então, superamos...
Foi nesse momento em que tudo se esquece
que entendi que nada, sem ti, tem sentido;
sem a tua voz fecho meus ouvidos,
sem o teu amor a vida fenece.
Hoje me dei conta que em mim fez-se norma
fazer de teus beijos meu doce refúgio,
do tom da tua voz meu canto e prelúdio
e em tuas mãos ganhar vida e forma.
Hoje, então, te busco e por um mero instante
o muito que tinha para, em fim, dizer
se ofusca na luz deste meu querer
e deixa de ser, assim, tão importante.
Serra Leste, 23/01/99