Abusamos demais...
já abusamos demais um do outro,
essa poesia e eu.
Gastamos todas as palavras
e nos desgastamos em proferi-las.
Inquietava-nos o silêncio,
algum silêncio, todo o silêncio.
E ardia tanto a vontade de dizer...
E tudo foi dito para dizer ainda mais,
tudo em miséria posto na pobreza
e na crueza das palavras.
Desentranhado tudo, tudo era dor
e qualquer coisa desse tudo era amor.
E queríamos calar...
Calamos por vezes, mas tão pouco,
que os ajuntamentos dos ditos
ficaram todos ditos.
E as palavras sedentas
ainda tinham fome de dizer.
E tudo o que não foi dito jazia,
esperando uma manhã para dizer.
É manhã ainda...
Essa poesia me acorda súbita
e bruscamente, sempre!
Me ergue dos escombros
e me enche de assombros.
Desentranha ainda mais uma dor
que, no meio de tudo, ainda é amor!
já abusamos demais um do outro,
essa poesia e eu.
Gastamos todas as palavras
e nos desgastamos em proferi-las.
Inquietava-nos o silêncio,
algum silêncio, todo o silêncio.
E ardia tanto a vontade de dizer...
E tudo foi dito para dizer ainda mais,
tudo em miséria posto na pobreza
e na crueza das palavras.
Desentranhado tudo, tudo era dor
e qualquer coisa desse tudo era amor.
E queríamos calar...
Calamos por vezes, mas tão pouco,
que os ajuntamentos dos ditos
ficaram todos ditos.
E as palavras sedentas
ainda tinham fome de dizer.
E tudo o que não foi dito jazia,
esperando uma manhã para dizer.
É manhã ainda...
Essa poesia me acorda súbita
e bruscamente, sempre!
Me ergue dos escombros
e me enche de assombros.
Desentranha ainda mais uma dor
que, no meio de tudo, ainda é amor!