AMOR ao INSULTO
Este é o momento em que chegamos ao fim, em pleno fim,
este é o momento em que venho dizer,
toda a nossa vida foi antes do fim,
não posso mais olhar nos teus olhos e esconder a verdade,
é hora de recolher a bagagem e seguir,
o corvo espera pendurado no sol, tudo o que resta é o fim
Não me diga, criança, o que devo fazer,
ladrões observam do alto e de baixo,
recolha-se, o carrasco bate na porta
de quem diz o diacho,
eu não posso mais ficar,
tramas ocorrem pelas costas é hora de arriscar.
Como posso salvar o que ficou se o meu vulto
deixa sem proteção o que foi um dia sonhado?
Não posso atirar o que foi amor ao insulto,
recolhamos as vestes e os segredos, ao lado
vê-se claramente chegam mercenários contratados,
toda paz fica esquecida quando olho do juiz é oculto
O trem vai sair, o meu destino deixa quem fui
sempre ao teu lado, ainda que eu siga
nunca vou esquecer o quanto fui teu,
minha vida só existiu até aqui
porque aprendi com você a cor verdadeira do céu
Este é o momento em que o fim chega para prosperar,
este é o momento em que o fim impõe nada mais que o silêncio,
o momento em que te libertar sangra os meus lábios
que te cantaram o juramento, este é o momento
em que as legiões abandonam a ruína do que foi império,
este é o momento em que todo cretino se julga sério
o meu amor por você se retira rumo à caverna
aonde os lagos são espelhos de fogo da saudade