TARDE DEMAIS PRA NÃO TE AMAR
Se já padeço dos sintomas, não mais importam as profilaxias
Com abaladas hierarquias, me desconheço nos próprios íntimos
Escravizados instintos dão o tom melódico que me foge a maestria
Vejo-me distinto do que me via, como um ébrio por teus lábios tintos!
Não resta muito a se fazer quando a razão se divorcia da ação
E se torna impossível dizer não ao que propõe o sentimento
Como uma folha relegada ao vento, somos o monumento da impercepção
No cais da solidão, somos embarcação ao descomando do relento!
Quando os passos do querer sobem ao trono da autonomia
A alegria parece se tornar sinônimo da mais gritante infantilidade
O ego perde a própria vaidade pra venerar outra fisionomia
E a maior das agonias é desobedecer tanta necessidade!
Assim me rendo aos soberanos oceanos de minhas incapacidades
Tentei fugir a essas grades, lutei profundamente em prol da indiferença
Mas hoje a descrença em mim mesmo reflete em lágrimas covardes
Porque as horas já estão tardes e todos os sintomas já são doença!
Republicando, a pedidos
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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor
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