Palavras 0288 – Passado, presente e amor
Eu sou o passado, o presente dos meus dias,
a indiferença dos rostos que cruzam a rua,
o tempo é porta que não se fecha,
os dias são janelas que se trancam por dentro,
na mesma vida, nas bocas que só sabem o não.
Tenho muitas marcas por dentro da carne,
uma ferida grande no coração que faz amor,
noutros corações não sei das imagens que guardam,
poderia ser minha, ser de amor do meu amor,
ainda assim seria falso o sentimento doado.
Meus desejos parecem estranhos, mas consigo,
tenho horas de sim, tempo para sonhos,
não espero nenhuma resposta, aliás, não espero nada,
as pessoas me acham complicado, então espero,
quem sabe um repente e um sentimento toma conta.
Tenho que compartilhar meus momentos,
preciso juntar pedaços que caíram pelo caminho,
não sei quem tem a cola que possa unir tais cacos,
às vezes me enlouqueço por não saber falar
a tal língua dos felizes mortais que julgam ter amor.
Amanhece outro dia e mais outro e outro,
ambos e todos têm o mesmo sol e a mesma lua,
a ansiedade dos prazeres que perturba a carne
nas primeiras horas de dormir ou quando o sol vem
e bate na porta do dia que vai aquecer outro desejo.
Esta não é minha história, mas de todos os homens,
quem esconde a verdade jamais guiará outro coração,
até que o amor bata forte na sua alma, sonhe alto, grite,
jamais enxergaremos o afeto daqueles que chegam,
só saberemos dos corpos que partem na hora do amor.
23/03/2011