Poemas de uma coleção: dois pedidos singelos, e um terceiro completamente insano
Súplica para uma musa
Vem ninfa, de pés no chão e cabelos ao vento,
Ondula seu corpo e enlouquece os poetas ao redor,
Alucina-nos com seu canto de sereia,
Enfeitiça nossos olhos, incendeia nossas mentes,
Pois é assim, musa,
Quando nos desorienta e ensandece,
Que nos transforma em poetas.
Um rogo comedido
Mas, se me enlouquece me envolvendo assim em sua magia,
Se me encanta e me cega para tudo o que não seja o seu rosto,
Permite então, minha musa, que o meu olhar se esvaia extasiado ao te mirar,
E que o meu canto te envolva suavemente como um beijo.
O pedido insano
Oh musa que me enfeitiça, que me enlouquece com o movimento mais sutil,
Que me alucina com um sorriso nem ao menos esboçado e apenas sugerido por um olhar,
Que me seca a boca e descompassa o peito, turbando o meu ritmo, minha paz, minha sanidade;
Vem, aproxima o seu rosto, para eu ver seus olhos, mirar seus lábios, tocar seu corpo, e num rompante apaixonado mergulhar em sua boca imergindo tão profundamente que a dissolução total me aniquile ou que o ar que você me rouba inunde novamente o meu peito trazendo-me de volta alguma gota de lucidez.