DEVANEIOS
Já a noite esta na sua metade,
E no silêncio desta madrugada,
Quando tudo é mais sórdido
E a calada que a embala
Torna maior a solidão da alma
Ouço o cantar do grilo no gramado ao lado
O latir de um cão, que vem sei lá de onde
É possível também ouvir o tic-tac do relógio
Diminuindo a vida em meu ser
Desde o calendário hebraíco
A ampulheta do Egito Antigo
Datas e épocas marcadas.
Tempo para ser feliz, natal,dia dos pais,das
mães,dos namorados,1 do ano
Datas marcadas para tristeza,finados,Corpus Christh,sexta - feira santa
Há datas para refletir,para explodir,
Tudo está determinado
E ai de mim se cortar a regra...
Sociedade discriminatória..........As favas!
E o relógio, não tão velho que não marque certo.
Nem tão novo que não possa me dizer que o tempo voa.
E voa conduzindo-me para um futuro tão curto
Um ano, dois,dez. Quantos ainda olharei e ouvirei
o tic-tac que me faz lembrar.
Que temos data para nascer,13:30 do dia 13 de dezembro de 1990
Data para morrer....Segrega Deus.
Em seu infinito querer e saber.
O espelho? Ah! Nem o espelho consegue ficar imune
Parece mesmo que nada é incólume
A ferrugem começa a descolorir o aço pelos cantos
Mas ainda consigo encarar,observar ao fundo
dentro do espelho,a máscara,aliás,
Como têm os demais,que cobre minha outra vida.
Chora quando sorrio,sorri quando choro
Bonita e penteada,quando em meu interior
A grande dor me desarruma.
Apenas aqui frente a frente não consigo me enganar
Puxa! Aqui eu choro para mim mesmo,
E consigo observar no canto dos olhos
Alguma ruga apontando-me o peso da idade
Vejo no espelho uma criança,uma jovem,uma mulher.
Quantos sonhos frustados voaram pelos ares.
E se perderam por aí.
O silêncio parece aumentar.
Apenas barulho, rigorosamente compassado
Do velho relógio na estante
Determina que assim como o amor
É eterno enquanto dura
Minha eterna humanidade também vai findar.
Tic-Tac,Tic-Tac,Tic-Tac