AS CHAMAS MUDAS
Eu vim trazer-te versos gratos e retribuidores
Em nome dos olhares sedutores com os quais me viste
Embora agora eu nem te aviste, em mim permaneceram teus sabores
Nos hábeis toques delineadores, que o meu pensar a relembrar persiste!
Contigo aprendi o que seria uma noite a valer por uma vida
E como achar a face perdida, que mora adormecida em nosso instinto
Eu descobri as fontes do vinho tinto e a paisagem mais reflorida
Todas em tua forma desinibida e nos teus lábios que ainda sinto!
Não é a toa que ainda me persegue o aroma de teu cio
E ocasionalmente advém-me o arrepio decorrente do imaginar
Tua nudez irresistível ainda está a provocar o meu controle por um fio
Tal como lava que expulsa todo frio, tua lembrança ateia meu incendiar!
Não há palavras recordadas, posto que nada nos dissemos
Fala mais alto o que fizemos e seu estrago delicioso alastrado
Mas o desejo é um brado eternizando o incêndio que em nós exercemos
Que apagar não podemos e que ainda atua insinuante e calado!
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Reinaldo Ribeiro - O Poeta do Amor
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