Aos quarenta anos
Logo fiquei quieto
Quieto em minha alma e em minha face
Sem nenhum som nos meus ouvidos
Meu mundo mudo
Caia lento e calmo numa tarde de domingo
Eu queria sair
Não de casa para rua
Mas de mim para outra pessoa
De um jeito sem dor se é que isso é possível
Ser um outro
Como alguém que nascesse outra vez
Aos quarenta anos
Olhar o mundo de uma maneira nunca imaginado
Dos nossos olhos sem graça
Olhar o mundo como quem busca um brinde em cada esquina
Como quem ama o sol e depois a chuva
Colhendo sorrisos no tempo
Eu queria ser um outro cara
Nesse mesmo corpo
Porem guardar em mim as lembranças desse que ainda sou
Ao contrario não teria graça
Vez ou outra resgatar a memória guardada na profundeza
Para não cometer os mesmos erros de novo
E voltar a ser esse que é
Apenas um grito estendido sob a noite...