COLHEITA DE MENTIRAS
Colheita de mentiras
Ai! Não me fales de amor,
Não digas nada minha criança!
Eu bem sei que são mentiras
As palavras de tua boca,
Tão falsas quanto às lágrimas
A escorrerem por tua face.
A luz que agora se apaga
Não mais guiará os passos teus
E o tempo transformará em cinzas
Os sonhos da tua mocidade.
Quanto a mim,
A minha poesia
Há de reduzir-se a um sopro
E a esperança morrerá com a ilusão!
Ambos caminharemos sob trevas
Procurando em vão
O caminho do perdão,
Mas o que te importa o futuro?
Ou se a coroa deste poeta
Tem espinhos de solidão?!
Não teremos jamais
A paz por abrigo
E o destino a chicotadas
Fustigará nossos passos
Bradando sem piedade:
“Caminhem! Sigam em frente!
Lá! Para além do horizonte
Terão como recompensa
Uma colheita de mentiras.”.