ANJO OU DEMÔNIO?
Naquela noite eu vagava solitário
Pelos bares de uma sombria madrugada,
E não havia nada em minha existência
Capaz de acalmar minha consciência,
Roubaram de mim a infância!
Corromperam-me a inocência!
Sendo um pássaro errante
Não tive direito ao amor,
As lagrimas da minha face
Tinham por destino uma flor,
Mas perderam-se pelo caminho
Gotejando sobre os espinhos
No jardim a minha dor.
Apareces-te então, Pálido arcanjo!
Iluminando os olhos deste poeta cego
Amou-me até o romper da alvorada,
Não perguntou quem eu era,
Não perguntei quem eras,
Mentimos... Fingimos... Quem sabe?
Mas do que nos adiantaria
Ter a certeza dos nossos passos
Se a vida não nos dá garantias
Além dos fugazes momentos
Em que dividimos beijos
E somamos abraços?
Anjo ou demônio?
Sonho ou pesadelo?
Que importa?!
Só o que me resta agora é um abismo
No qual me atiro como suicida
Mergulhando nas profundezas
De um mar sem perolas
Em uma noite sem luz.