Pétala de Rosa- (Resgatando-me e livrando-me do sonho... )
Caiu uma pétala da rosa
E pelo vento levada repousou numa rua
Abandonada, triste, ferida
Uma pétala dorida
Uma pétala de rosa
Um sapato velho pisou-lhe forte
Pois era de grande porte
E a pétala gemeu
Um outro sapato torceu-a bem forte
A pétala sentiu a morte
Seu coração endureceu
Gotas fortes e pesadas
Uma torrente de incertezas
Chuva forte a arrebatou contra o meio- fio
Por um fio, na correnteza
Ao longe viu-se um calabouço
E no desespero, olhos fechados
Desistindo da vida e entregue a sorte
Uma mão lhe evita a morte
E ela estava desmaiada
Era uma mão terna e macia
E numa candura que inebria
A acalentou, aqueceu, resgatou
Essa pétala de rosa sou eu,
O coração de um poeta apaixonado
As tragédias da vida os meios
E as lutas da vida, os sapatos
As gotas são lágrimas silenciosas
E a torrente os medos que me desafia
O calabouço é o enlace sem amor
E o desmaio é o dissabor de cada dia
Mas quando eu estava à deriva
E já não havia nem sequer uma saída
Tuas mãos ternas, macias e puras
Me concediam mais um dia
Resgatando-me e livrando-me da paúra
Me devolvendo a alegria