Último.

Ao lado da máquina está o rascunho que logo se tornará lixo enquanto o seu conteúdo ganhará vida na forma de um texto datilografado. A caixa de papéis está quase vazia, resta apenas uma única folha amarela que coloco cuidadosamente na máquina, não quero correr o risco de estraga-la. Alinho a folha, arrumo a cadeira, estalo os dedos e fico olhando aquele vazio amarelo, tentando conhecer os seus desejos. Não consigo começar, talvez o rascunho que fiz não seja o texto destinado para aquela folha de papel.

Este conflito diante da máquina é como uma pausa para refletir: O que me leva a escrever as coisas que considero mais importantes em papel de cor? Consigo expressar de forma clara minhas emoções e sentimentos? Minhas palavras são capazes de enternecer um coração de pedra? Será que vale a pena?

Acho que nunca terei as respostas e talvez seja melhor assim, pois pode ser muito doloroso descobrir. Portanto tomo a atitude mais sensata, uso a razão e não a emoção, e compreendo agora que não preciso mais das folhas amarelas e que esta por se a última deve conter este texto último.

J.Valjan.