A PEREGRINA

Aonde vai mulher?

Passo a passo caminhas.

Por que te humilhas

Submissa a obedecer?!

Pálida! Descorada!

Não ousas resistir?!

Olha o passado!

Ele te dirá o seu nome

Em gemidos sussurrantes.

Murmúrios abafados

Nos lábios trêmulos da história

Hão de desfiar letra por letra

O rosário de suas dores.

E te falarão das cavernas!

Das noites de pavor

Aos pés do seu algoz,

Falarão dos castelos

E também das choupanas

Em que foste violentada

Por aqueles que te roubaram

Mais do que tinhas

Calando-te a voz.

Pobre mulher!

Peregrinaste por caminhos

Semeando rosas,

Mas agora não existem flores

E só o que te resta

É uma trilha de dores

E uma coroa de espinhos.

Suas mãos cansadas!

Seus pés feridos!

Você desiludida!

Sem destino, sem carinho.

Eis então que soam as trombetas

Da revolta incontida

Na voz que se levanta

No canto e na poesia

Que soam na garganta

Da mulher oprimida!

-Basta covardes!

Não vos cansais de me ferir?

Vereis então uma leoa a rugir

Em fúria selvagem!

Vereis a força da tormenta

Que se levanta na alma

Dos que amam a liberdade.

-Quebrarei as correntes da opressão,

Derrubarei os muros da ignorância,

Moerei as pedras da violência,

Derreterei as espadas do preconceito,

E serei livre em todas as línguas

Para construir eu mesma

O meu próprio destino.

Escreverei no livro da história

Uma nova página,

E nela gravarei meu nome

para que todos saibam

Quem sou.

-Sou guerreira!

Sou amante!

Sou esposa!

Sou amiga!!

Sou mãe!!!

Sou mulher.

Abner poeta
Enviado por Abner poeta em 18/03/2011
Código do texto: T2856519