Amemos!

DAMA NEGRA

A cette, où Ión ploie

Sa tente au déclin du jour,

Ne demande pas Ia joie;

Contente-toi de l'amour!

Dans ce monde de mensonges,

Moi, faimerai mes douleurs,

Si mes rêves sont tes songes

Si mes larmes sont tes pleurs.

V. HUGO.

POR QUE TARDAS, meu anjo! oh! vem comigo.

Serei teu, serás minha... É um doce abrigo

A tenda dos amores!

Longe a tormenta agita as penedias...

Aqui, ao som de errantes harmonias,

Se adormece entre flores.

Quando a chuva atravessa o peregrino,

Quando a rajada a galopar sem tino

Açoita-lhe na face,

E em meio à noite, em cima dos rochedos,

Rasga-se o coração, ferem-se os dedos,

E a dor cresce e renasce...

A porta dos amores entreaberta

É a cabana erguida em plaga incerta,

Que ampara do tufão...

O lábio apaixonado é um lar em chamas

E os cabelos, rolando em espadanas,

São mantos de paixão.

Oh! amar é viver... Deste amor santo

— Taça de risos, beijos e de prantos

Longos sorvos beber...

No mesmo leito adormecer cantando...

Num longo beijo despertar sonhando...

Num abraço morrer.

Oh! amar é ser Deus!... Olhar ufano

O céu azul, os astros, o oceano

E dizer-lhes: "Sois meus!"

Fazer que o mundo se transforme em lira,

Dizer ao tempo: "Não... Tu és mentira,

Espera que eu sou Deus!"

Amemos! pois. Se sofres terei prantos,

Que hão de rolar por terra tantos, tantos,

Como chora um irmão.

Hei de enxugar teus olhos com meus beijos,

Escutarás os doces rumorejes

D'ave do coração.

Depois... hei de encostar-te no meu peito,

Velar por ti — dormida sobre o leito —

Bem como a luz no altar.

Te embalarei com uma canção sentida,

Que minha mãe cantava enternecida

Quando ia me embalar.

Amemos, pois! P'ra ti eu tenho nalma

Beijos, prantos, sorrisos, cantos, palmas...

Um abismo de amor...

Sorriso de uma irmã, prantos maternos,

Beijos de amante, cânticos eternos,

E as palmas do cantor!

Ah! fora belo unidos em segredo,

Juntos, bem juntos... trêmulos de medo,

De quem entra no céu,

Desmanchar teus cabelos delirante,

Beijar teu colo!... Oh! vamos minha amante,

Abre-me o seio teu.

Eu quero teu olhar de áureos fulgores,

Ver desmaiar na febre dos amores,

Fitos fitos... em mim.

Eu quero ver teu peito intumescido,

Ao sopro da volúpia arfar erguido

O oceano de cetim

Não tardes tanto assim... Esquece tudo...

Amemos, porque amar é um santo escudo,

Amar é não sofrer.

Eu não posso ser de outra... Tu és minha,

Almas que Deus uniu na balça edênea

Hão de unidas viver.

Meu Deus!... Só eu compreendo as harmonias,

De tua alma sublime as melodias

Que tens no coração.

Vem! Serei teu poeta, teu amante...

Vamos sonhar no leito delirante

No templo da paixão.

Zorro Poeta
Enviado por Zorro Poeta em 18/03/2011
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