Minha companhia...
Minhas mãos buscam, tateiam
Mas só encontram o Nada!
Espero...
- O que eu espero
Se sei que o Impossível
Já me fez tombar?...
Sonho?... Não, não sonho mais...
- Onde estão meus sonhos de criança?...
Por onde anda o meu primeiro Amor?...
- Perderam-se na busca, nesta escalada
Da montanha da Vida,
Tão inusitada...
Inesperada...
A não-sonhada...
A desesperança engoliu-me! A mim
Que “via” com certeza meus “certos” ideais!!
Lutei por eles! Sofri... Renunciei...
Por um Amor maior do que a Vida era em mim.
... Há muito tempo, possuía a Esperança
Como meu Luzeiro Flamejante,
Na convicção de que um dia os sonhos voltariam
E eu os viveria e assim seria feliz...
Mas íngreme tornou-se a montanha em minha vida
E a subida machucou-me mais com o que perdi...
Os sonhos fui soltando na obscura caminhada
E deixei-os cair...
Ficaram rolando por aí,
No caminho pedregoso em que me vi seguir...
Cambaleante, rota, machucada,
Pés sangrando... Até o meu Cajado
Eu o perdi.
E subi, e subi... Em direção ao Nada.
Passei já da metade da montanha que segui!
Lá longe há escuridão: não há luzeiros por aqui.
Não vejo o cume, talvez o nevoeiro
Cinzento, o encubra. E o vento é um lamento
Que gela-me as lágrimas e congela meu tormento.
- Que importa?!... A Noite se aproxima
Talvez sendo a hora de parar e descansar;
E nada mais querer ou esperar...
Sento-me nas pedras do Caminho.
... Despida dos meus sonhos sinto frio.
Quero adormecer... A Névoa que me envolva
E que eu acorde onde haja Primavera!
- Mas não adormeço... Minhas mãos ainda procuram
Pelo Amado do meu coração!...
Meus lábios ainda anseiam pelo beijo que não veio
E pela companhia amada que ansiei, esperei, busquei...
Aguardei-o tanto! Em minh’alma triste
“Sabia que virias”!... Mas... Não vens!! Virás?...
Nada mais sei e nada mais espero...
Estou doente de amor nesta noite escura...
Não sou mais aquela que um dia viste!...
Sinto que meu sangue, gelado, está parando...
Levanto-me num pulo: preciso caminhar!!
- E lá sou eu mulher de desistir, parar?...
Vou adiante. Sigo em frente! Eu caminharei
Até o derradeiro instante, o último suspiro!
Mesmo não sonhando, mesmo não sabendo
Mais o que eu procuro e o que vou encontrar!
Talvez, quando o momento da morte enfim chegar,
Em delírio eu veja teu rosto a mim voltar!
E quando amanhecer, verão um vulto branco,
Frio, gelado, de olhos mal fechados,
Cansado, machucado, vindo a estampar
O sorriso feliz de quem te soube amar...
Fez-me companhia este Amor até o fim...