Nos amamos
Nos amamos na forma livre das borboletas
nos amamos na forma asada de uma gaivota
nos amamos na forma ondulada do Atlântico
nos amamos na forma imaginada do corpo
nos amamos nas formas especuladas dos beijos da boca
dos tempos serenos
das entrelinha e entre-portas
nos amamos na forma de torpedo
nos amamos na forma de música
nos amamos nas postulas romanas
nos crucifixos de Deus
nas orações de Jesus
nos amamos libertos
ou não libertos
nos amamos em poesia
em prosa
em rima
na desgarrada da madrugada
não uma
nem duas
nem mil
mas uma imensidão de madrugadas
nos amamos amor
na forma de ti
de mim
de nós
com nós de amarras
e elos de gavinhas
anéis soltos sem presas
sem garras
sem saberes
sem pretensões
sem prisões
liberdade
liberdade
liberdade
nos amamos sim:
em todas as formas
nos amamos cansados
pela noite
pela vida
pela dor
pelo fundo do mar
pelo indo do céu
pelo silencio
pelos olhares em mim
no acordar vazio
na cama onde nunca estou
no desejo de queres...
E desarrumas o quarto
as fronhas
os lençóis
só para me imaginares estado
ou sido
nos amamos na forma de luz
tum tum tum tum tum
é o meu coração
tum tum tum tum tum
é o meu coração
batendo no teu
amor na forma brilhante de uma super-nova!
E nos amamos de facto.
Paulo Martins