Perdi o sono...
O silêncio falava mais alto
que a vontade de ter vontade
de deixar dormir o que insiste
e resiste em não morrer.
Perdi o sono dos mortais,
como a querer um canto dos anjos
ou um grito tétrico dos deuses,
atestando que nada é imortal.
Perdi o sono dos banais,
dos que acalentam silêncios
em imaginação criadora
de desejos irreais.
Perdi o sono dos casais
que ainda se amam em vão
e se deitam juntos distantes
e se esquecem da vontade
que tinham de se fazer amar.
Perdi o sono dos animais
que mais que saber vivem
e que por não saber a vida
são mais que nós imortais.
Perdi o sono dos amantes casuais
em suas usuais artimanhas vãs
que decifram e tanto explicam
todo o amor que não sentem mais.
Perdi o sono dos apaixonados, tais e quais,
que beijam as lembranças dos amados
e consolados querem amar sempre mais
e mais e mais gastam-se em seus ais,
tornam o existir crises tão colossais
que perdem o amor e não o encontram jamais.
Perdi o sono na vontade de sempre mais,
como quem digere os esquecimentos
como que querendo voltar o tempo atrás,
certos de que o amor rege os mundos
e a existência de mortais e imortais.
Perdi o sono dos homens,
Perdi o sono dos deuses,
Perdi o sono dos anjos,
O sono de todos os amantes,
Perdi o sono do amor,
Que vi partir um dia
Para não voltar nunca mais.
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 15/03/2011
Reeditado em 25/07/2021
Código do texto: T2848855
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