Poema 0872 - Meu dia sem ela
Amanhece, melhor viver devagar,
o meu dia foi dividido em três vezes,
de manhã me alimento,
falo comigo o que não quero fazer e faço,
à tarde trabalho, o que não deveria existir,
e sonho, sonho com ela,
à noite, desligo o sol,
penduro as estrelas e a saudade, espero.
Converso com meu café da manhã,
falo com o leite,
o pão opina sobre minha roupa,
o açúcar fica de longe,
ninguém pergunta da noite passada,
silêncio total,
como se nenhum sentimento eu tivesse,
nem ela.
No almoço resolvi comer algo bem leve,
um prato de salada,
uma carne,
desculpe-me, sopa é coisa de criança,
no copo,
uma marca de batom na forma de um beijo,
amante meio louco, sigo até a sobremesa,
que ela gosta.
Jantar, toquei devagar a garrafa de vinho,
deslizei os dedos,
o vidro liso lembra a pele dela,
falta o calor,
como a paixão, o vermelho tinto,
meio-seco, meio-doce,
uma taça sorvida devagar,
como o amor entra n'alma.
Outra vez é noite,
é saudade que estendo ao longo da cama,
um corpo frio e apaixonado,
uma xícara de chá,
alguns pensamentos voam quilômetros,
sem respostas,
eu aqui, sozinho,
a espera dela e de um pouco do carinho.
07/11/2006