A borboleta azul

Espero-te na manhã ensolarada

Espero-te no lago encantado, alforriado de culpa...

Espero-te cego de desejos

Para receber amor que te abriga

Minha memória desfecha pelo futuro

A brisa a ignora

A solidão me vem de mansinho

E faz do peito sua moradia

O coração purpúreo bóia

Entre a adoração, a valeta e a cólera

Meu olhar de flores,

Imergi com nuanças psíquicas

Insurgi depois, nefasto e negro.

Espero-te com toda sinceridade

Visto a roupa de um fadário dilacerado

Enquanto os seres normais discutem com os pirados

Uma competição de saúvas contra o acaso.

Lá embaixo, no fundo do solo.

Uma borboleta de asas azuis sacode a brisa

E as reses tropeçam em cristais resistentes

Há dois olhos nebulosos em seus chifres

E gente calada no barzinho da esquina.

A tecnologia do motim estabelece-se na entrada

A progênie da multidão brota da crueldade

E a vida vai em frente, pois ela é o amor da gente

Inadiável, legítima, alva e espontânea...

No lombo de um cavalo de esperma chuvoso.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 07/11/2006
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