A borboleta azul
Espero-te na manhã ensolarada
Espero-te no lago encantado, alforriado de culpa...
Espero-te cego de desejos
Para receber amor que te abriga
Minha memória desfecha pelo futuro
A brisa a ignora
A solidão me vem de mansinho
E faz do peito sua moradia
O coração purpúreo bóia
Entre a adoração, a valeta e a cólera
Meu olhar de flores,
Imergi com nuanças psíquicas
Insurgi depois, nefasto e negro.
Espero-te com toda sinceridade
Visto a roupa de um fadário dilacerado
Enquanto os seres normais discutem com os pirados
Uma competição de saúvas contra o acaso.
Lá embaixo, no fundo do solo.
Uma borboleta de asas azuis sacode a brisa
E as reses tropeçam em cristais resistentes
Há dois olhos nebulosos em seus chifres
E gente calada no barzinho da esquina.
A tecnologia do motim estabelece-se na entrada
A progênie da multidão brota da crueldade
E a vida vai em frente, pois ela é o amor da gente
Inadiável, legítima, alva e espontânea...
No lombo de um cavalo de esperma chuvoso.