A PRECE NA PENUMBRA
Uma prece simulando uma fraca fé
Na penumbra de um triste solitário
Sóbrio pela substância negra do café
Vasculhando restos do mundo literário
Sem pressa alguma de querer sair
Sem endereço fixo que possa ir
Traçar a esmo um nebuloso itinerário.
Como um fantoche preso na obscuridade
Manipulado pelas mãos das esperanças
Tentando encontrar vestígios da raridade
Presos nas masmorras negras das lembranças
Sem forças suficientes para se locomover
Olhos embaçados sem conseguirem ver
As trilhas das desastrosas andanças.
Ultrapassando os conceitos científicos
Rodeado por altas e frágeis estantes
Abarrotadas por livros magníficos
Proporcionando prazeres por instantes
Reservado apenas para o ego excêntrico
Rei de um mundo ímpar e egocêntrico
Entendo as leis dos povos protestantes.
Das obras empilhadas num curto canto
Leitor voraz das traduções intermináveis
Amante dos bens sólidos num recanto
Das ações secretas das raças abomináveis
Devastando as migalhas dos sentimentos
Colhidas nas vivências dos momentos
Encontradas nas histórias imagináveis.
Olhos grudados nas páginas soltas da vida
Escritas pelos pincéis das tintas dos anos
Ansiosos para sentir a paixão um dia vivida
Entre turbilhões, amor e também desenganos
Trancados nos calabouços frios do passado
Exterminando o conceito ultrapassado
Que proporcionou os injustos desenganos
Eliminando a distância até então existente
Entre a razão e a política dos corações
Das horas vividas no estranho ambiente
Deixando-os aptos as vindouras situações
Ele na solidão do quarto, refúgio santificado
Ela solta ao vento, um sonho simplificado
Esperançosos para viverem novas emoções.