A PRECE NA PENUMBRA

Uma prece simulando uma fraca fé

Na penumbra de um triste solitário

Sóbrio pela substância negra do café

Vasculhando restos do mundo literário

Sem pressa alguma de querer sair

Sem endereço fixo que possa ir

Traçar a esmo um nebuloso itinerário.

Como um fantoche preso na obscuridade

Manipulado pelas mãos das esperanças

Tentando encontrar vestígios da raridade

Presos nas masmorras negras das lembranças

Sem forças suficientes para se locomover

Olhos embaçados sem conseguirem ver

As trilhas das desastrosas andanças.

Ultrapassando os conceitos científicos

Rodeado por altas e frágeis estantes

Abarrotadas por livros magníficos

Proporcionando prazeres por instantes

Reservado apenas para o ego excêntrico

Rei de um mundo ímpar e egocêntrico

Entendo as leis dos povos protestantes.

Das obras empilhadas num curto canto

Leitor voraz das traduções intermináveis

Amante dos bens sólidos num recanto

Das ações secretas das raças abomináveis

Devastando as migalhas dos sentimentos

Colhidas nas vivências dos momentos

Encontradas nas histórias imagináveis.

Olhos grudados nas páginas soltas da vida

Escritas pelos pincéis das tintas dos anos

Ansiosos para sentir a paixão um dia vivida

Entre turbilhões, amor e também desenganos

Trancados nos calabouços frios do passado

Exterminando o conceito ultrapassado

Que proporcionou os injustos desenganos

Eliminando a distância até então existente

Entre a razão e a política dos corações

Das horas vividas no estranho ambiente

Deixando-os aptos as vindouras situações

Ele na solidão do quarto, refúgio santificado

Ela solta ao vento, um sonho simplificado

Esperançosos para viverem novas emoções.

Antonio dos Anjos
Enviado por Antonio dos Anjos em 12/03/2011
Código do texto: T2843259
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