CUMPLICIDADE
CUMPLICIDADE
Acerca-te e senta, acomoda-te a gosto
Desfaz-te dessa timidez intensa
Que te arfa o peito, te enrubesce o rosto
E tremula tuas mãos entrelaçadas...
Reclamas da desdita desse amor desesperado
Por quem te sodomiza e te despreza tanto,
Que te ilude, alude sempre costumeiramente rude,
E ri de teu semblante apaixonado...
Mas já não o fazes como dantes, compulsivamente!
- Por que sulca de tua fronte o suor frio
A desfazer tua maquiagem discreta?
- O que ouriça tua pele qual animal no cio
Se prudente me tenho distante e alerta?
Te enternece porventura o mal que me aflige
E me faz, na cama rolar incessantemente,
A boca seca, o peito arfante, o corpo rijo
E fantasias mil, fervilhando em minha mente?
Que me adiantam lençóis de puro cetim,
A alcova branca e fria de meu quarto
Os adornos de renda e o puro carmim?
Se porro, triste e angustiado
A tua entrega impotentemente assiste
Esse indigente d’afeto aqui a teu lado?
Na cumplicidade da luz difusa desta sala
Tuas pupilas dilatadas observo, atentamente,
- Raios! Luzes enfim iluminam essa estrada
Por onde transitava e logo eu... Cegamente!
E por fim te falo! Confesso agora a lascívia louca
Que me martiriza, intumesce o falo e angustia o peito,
Nessa chama viva, verve incontida, que estoutas
Fantasias, me acompanham ao leito.
Urias Sérgio de Freitas