ENTRE QUATRO PAREDES
ENTRE QUATRO PAREDES
Em minha fria alcova, nesta chuvosa noite,
Reboam incessantemente em meus ouvidos
A perfeita sinfonia de teus cálidos gemidos,
Transformando em intensa e confusa anarquia
Meus, até então indiferentes e sossegados sentidos.
Que estranha sensação, o maravilhoso alento
Do torpor indescritível, de tuas mágicas mãos,
Suaves, a percorrer a trilha de meus segredos
Mais íntimos, escondidos, arrepiando meus pelos,
Com zelo e intenso carinho... Quanta emoção!
Amor, lascívia, paixão, momentaneamente
Misturados, em doce sonho, mágica realidade,
Repentinamente, em sublime coito transformados.
A racionalidade transcendental da irracionalidade,
Dentre quatro paredes, em meio a alvos lençóis,
Vitaminada de puros sentimentos e pervertidos atos.
Teu cheiro me consome, teu corpo me inebria,
Enlouquece, maltrata, me alucina, me mata.
Me entrego, dócil como um cego mas ávido
E trêmulo, a apalpar tuas grutas e montes,
Como quem se esquece,do mundo lá fora.
E então senhora, também como fera,
Te mordo, machuco, e enfim te domino
Nesse campo de guerra, como tanto esperas.
Urias Sérgio