Dois corações sem razão
Tênues batidas entreabriram portas, coração:
De quanto suave alias fornicado escorreu,
Despiu-se da alma no seio infindável da noite;
E que de alma ouviram-se sussurros entorpecidos,
Pois quão és mero e eloqüente, branda à noite.
Onde de tu, deleite de tão esmero sono perdido,
Abastou-me teu dorso de medo onde temias,
E despertou naquilo um desejo índigo;
Quente e amargo, possuiu-me como um veneno.
Onde que ainda podeis tocar aquela línea
Estavam teus mais escuros sonhos - de - amor
Vividos a mercê de um beijo, um corpo,
Que passa encarecido do pecado mais profundo
Nascido de ti como aquela que outrora te findou
Mas estavas ali, batendo em tua pressa cativa,
Esmorecendo pelo teu surdo consciente-âmago
E sem que o fira, teu bater te batia também.
Contemplo aquele momento perpétuo sem semblante!