Canto da sereia


Mar sereno, em calmaria,
Nunca antes, assim se via,
Com uma transparência total.
Nem mesmo o vento soprava
E por certo, preconizava
Algum indício de temporal.

Homem do mar, experiente,
Olhou para o oriente
Para o mistério desvendar.
Mas no oriente não via,
Nuvens negras, nem percebia,
Formação de marolas no mar.

Do barco, não via a terra,
Nenhuma azulada serra
Que pudesse se orientar.
Mas agora o sol poente
Indicava o ocidente
Onde estava a declinar.

Lá no fundo, azul marinho,
Como o mistério do vinho,
Zonzeava ao embriagar...
Mas o pescador bem sabia
Que solidão e maresia,
Eram como o vinho no mar.

Como encanto da sereia,
Que com o sorriso semeia,
Mil sonhos arrebatadores,
O pescador, só, bronzeado,
Deitou no fundo, desmaiado,
Esqueceu da vida, das dores.

E naquela tarde serena,
Recordou-se de cada cena
Dos seus amores vividos...
Sentiu todo toque macio
E de cada cabelo o fio,
Em seus momentos queridos.

Então, o mar enciumado,
Levou Pedro, arrebatado,
Nos lábios, com um sorriso.
E para todos os pescadores,
Marinheiros e sonhadores,
Isto serve como aviso.