A solidão e o assassino

Sonho...

Sonho com o nada envolto em brumas,

No ar vagabundo e vagueando nas asas de uma gaivota

Que,virá para me acalentar e me trazer esperança.

Nela chegará a esperança de reconhece-la como uma irmã

Perdida entre o voo sobre os penhascos

Que atravessam os oceanos,

Debatendo-se na fúria de vê-la voar.

Diz-me a lua sorrateira e sombria

Que nela não posso colocar a esperança.

Não sei se sonho ou se durmo,

Se estou dormente ou se adormeço.

Pêndulo a cabeça ao tic-tac do tempo

Balanceando o pensar

Nas amiúdes horas em que deste mal padeço.

Mas a vida continua o seu voo pairante

Sobre a lassidão do céu azul,

Sem medo nenhum de se escangalhar

Sobre uma vaga feroz do oceano.

Paralelas nuvens atravessam as marés vivas e avivadas,

Na brusca brisa da manhã,

Como se o vento do nada surgisse calmo e matutino.

O tempo engelhado e orvalhado sobre o meu corpo curvo

E sobre a minha sentença de pensar nela

Sempre nela e adormecer.

Segue a gaivinha o seu destino entre um e outro sonho,

Transportando-me por entre o céu sem limites,

De continente em continente,

Num silêncio profanado e sem altitude.

- Onde estou?

- Para onde vou?

Adormeço novamente...

Agora...

Mais alto alcanço o limiar do horizonte,

Onde a dificuldade dos elementos se configura

Para nos abater no bastante e vasto mar.

Onde ouço o seu brado de chamamento agudo,

De encantamento,

De embalo...

Sensação de êxtase...

Meu Deus loucura dos meus ouvidos,

Meu Deus ilusão nos meus sonhos...

- É ela!!!

- Onde estou?

- Para onde vou?

Houve um tempo longínquo,

Que me senti nos seus braços,

Um tempo em que essa voz me embalava e me acalmava.

Houve esse tempo que se me escapou mas a sua voz ficou

Sempre a sua voz,

A mesma voz...

O sonho e a esperança ( será que ainda tenho esperança? ).

- Chamaste!?

- Chamaste por mim!?

- ... Adormeci!!

... !!!

Estou no meio de gente sequiosa,

Inconformada, gente com desdém.

Estou no meio da bosta,

No harém dos desconfiados e,

Eles não gostam de mim nem eu deles...

Cada um desconfia à sua maneira,

E eu desconfio à minha maneira...

É cedo, mas já roda muita cerveja e vinho,

Já há quem cambaleie de forma adulta

E outros se mostrando bestialmente agressivos e avessos,

Doidivados pela devassidão,

Agnósticos e agonizantes,

"anfetaminisados" aloucados,

Mortos de amor,

Saudosos delas,

Prostrados e arrebatados...

Alguns metem conversa outros esmurram-se;

E assim se bebe no bar dos abandonados.

Escuso-me de acusar este ou aquele.

Não gostam de mim:

- Pronto!

Continuo solitário

Na minha lembrança de ver tanta desgraça

Uns a odiar tanto

E outros a odiar muito mais.

Detesto o teu olhar ou melhor soas-me a cabrão!

Soas-me assim e por isso quero matar-te,

Não gosto do teu olhar!!!

Porque me soa a perdição

E a tua desconfiança repudia-me!!!

- Podes ao menos disfarçar?

Podes ao menos deixar de olhar para mim?

... Olho-te como um assassino

Com anseio descomunal de matar-te!!!

Esperar-te-ei ao anoitecer

Para te cravar as minhas unhas

E, enterra-las fundo na tua carne

Com tanta força que te alcance o coração...

- Odeio-te, odeio-te, odeio-te!

- Parte... parte por favor

-Talvez te ame!

- Não gosto do teu olhar, não gosto, já disse!

-Parte meu amor...

-Parte de mim

-Parte não te quero ver sofrer

-Por te amar tanto assim...

-Parte............................

Sonho... acordo, choro, grito... não estás!

Ó sonho... não estás!!!

Amo-te!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Vampiro

PauloMartins
Enviado por PauloMartins em 05/03/2011
Código do texto: T2830970
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