Sem me pedir licença
Pensamento vira palavra
E revira-se em versos soltos
Na inutilidade da poesia...

Esse lirismo insidioso
Às avessas me desencanta
Sem me pedir licença
O coração voa e a alma canta

E é sem me pedir licença
Que esse dia amanhece
A vida segue o seu curso
Para eu seguir com ela
Sem qualquer recurso...

Sem me pedir licença
Passando, as horas passam
E passam, passam, passam
No tempo que também passa
Também sem pedir licença
E não tenho mais o que passa
Por ter passado, já passou

Essa quietude lá fora
Lá fora bem distante
E estranhamente carrega
A vontade de meu olhar
Para qual horizonte
Do que já perdi no vazio?
O vazio da vida a seguir seu curso
E eu tendo de ir com ela aonde for

Só o amor (este infame!)
Não quer passar
E fica a gritar num tempo
Que não passa
Só o amor (este insano!)
Vem e se instala na lembrança
E se deixa impregnar de saudade
Sem me pedir licença, ele dói
Dói de verdade (este insensível!)
E promete doer uma eternidade
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 05/03/2011
Reeditado em 29/07/2021
Código do texto: T2830320
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