O canto do Universo
Neste espaço há de nascer sementes
que germinarão sadias e viçosas
sementes não de flores nem de rosas,
sementes de um belo arvoredo,
um pouco dos guardados e segredos...
pedaços enfeitados previamente,
de lágrimas... saudades indolentes.
Irão brotar em forma de poesia,
os risos, dores, cores dos caminhos,
por onde o poeta viu sozinho...
o céu, o mar e um tanto deste mundo,
o vago brilho de um amor profundo...
ou a ausência crua da alegria,
que trouxe ao seu olhar a nostalgia...
Irá crescer a árvore hesitante
e versos que irão soar bem roucos,
e sons que alguns sabidos achem loucos
mas que em pura essência são só sonhos,
nem falhos, nem raivosos, nem tristonhos
são ramos frágeis, leves, vacilantes,
as marcas do eterno em cada instante.
Neste espaço há de nascer lirismo,
um breve lampejar de lucidez
que diga sim ou não, talvez... talvez
pra quem deseja um pouco de ternura,
um sorrateiro toque de doçura,
nas pontas que sobraram do egoísmo,
e acalme essa fome de estrelismo.
O broto que renasce sem aviso
é poesia alegre caprichosa...
tem gosto, tem sabor e odor de rosa,
repele a indiferença e apatia...
respira plenamente a fantasia,
do beijo anunciado nos sorrisos,
do toque da paixão quente e preciso!
E nasce da palavra o vivo verso,
promessa preciosa ao ser amante
que busca bem pertinho ou mais distante,
o som mais rouco, louco ou destemido...
o verbo sussurrado ao pé do ouvido,
aquele som suave e submerso
o canto escondido do universo!