CIÚME
És minha.
Sou teu.
Pacto lavrado em carne e suor,
sobre uma cama de relva.
Não podes fugir.
Não fugirei.
Certeza inútil, pois sinto
a fraqueza fender meus ossos
e um medo de te ver sumindo,
sob a nuvem das circunstâncias,
me exaspera.
És para mim.
Sou para ti.
E tremo: antes, a liberdade;
agora, a servidão.
Sirvo-te o mel de meus versos,
dou-te inteiramente
a claridade de minha alma.
Mas trevas me açoitam:
queres mesmo tudo isso?
Ou é pouco?
Amo-te como um louco.
Tremo: um mundo inteiro
parece te cobiçar.
Meu ouro inteiro se torna
uma medalha de latão.
Se me amas, por que temo te perder?
Medo egoísta?
Egoísmo medroso?
Ou amor que se sabe frágil
como um pedaço de pão?