O meu coração te ofereço

Mesmo que no pensamento e no tanto

que assim de amar-te

me perca e me engane

não me interessa nada

não quero nada saber

porque enquanto te desfolho nos gomos da chuva

presencio o teu corpo húmido

e lavado da alma

que tremulo se queda nas minhas mãos

abraçadas de vontade

que um canto

do céu se eleva

e embala

como uma dança de salão

e nos meus encantos

te possuo tido

bendito

um santo

e venham de todos os reinos

classificar-te

não quero saber...

Mesmo que hirto

e gélido me estaque diante de ti musa

não me interessa saber quem és

nem o teu nome

nem a tua era

deixa-me que te preste culto

e como uma santa me prostre

sebento

de mãos elevadas na tua natureza

porque acabo de morrer no teu corpo

delirado

consumido

bendito

rendas abertas da alma

folhos aos molhos tecidos

cetim suave

na boca do teu beijo tomado

meu encanto

meu encanto...

Mesmo que nada disto faça riachos

e que caia vendaval pelas acamadas da terra

os rios passam sobre mim serenos

na correnteza do tempo sonâmbulo

que desejo distante

porque nas minhas auroras

tenho os olhos postos

no teu corpo

e deles jurei não tirar

nem réstia

nem veste

nem tecido

nem candura

porque doado me mato

e o meu coração te estendo

como oferenda

como promessa

como destino

...

Vampiro

PauloMartins
Enviado por PauloMartins em 03/03/2011
Reeditado em 01/11/2016
Código do texto: T2827094
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