O meu coração te ofereço
Mesmo que no pensamento e no tanto
que assim de amar-te
me perca e me engane
não me interessa nada
não quero nada saber
porque enquanto te desfolho nos gomos da chuva
presencio o teu corpo húmido
e lavado da alma
que tremulo se queda nas minhas mãos
abraçadas de vontade
que um canto
do céu se eleva
e embala
como uma dança de salão
e nos meus encantos
te possuo tido
bendito
um santo
e venham de todos os reinos
classificar-te
não quero saber...
Mesmo que hirto
e gélido me estaque diante de ti musa
não me interessa saber quem és
nem o teu nome
nem a tua era
deixa-me que te preste culto
e como uma santa me prostre
sebento
de mãos elevadas na tua natureza
porque acabo de morrer no teu corpo
delirado
consumido
bendito
rendas abertas da alma
folhos aos molhos tecidos
cetim suave
na boca do teu beijo tomado
meu encanto
meu encanto...
Mesmo que nada disto faça riachos
e que caia vendaval pelas acamadas da terra
os rios passam sobre mim serenos
na correnteza do tempo sonâmbulo
que desejo distante
porque nas minhas auroras
tenho os olhos postos
no teu corpo
e deles jurei não tirar
nem réstia
nem veste
nem tecido
nem candura
porque doado me mato
e o meu coração te estendo
como oferenda
como promessa
como destino
...
Vampiro