Poema adormecido
Um poema dorme, tranquilo, entre
as páginas amareladas
de um velho livro.
Dorme como o amor que não
mais recende a perfumes suaves,
e apenas permanece
intacto na lembrança de
um passando ausente do
tempo que escorre por entre
os dedos feito a água
fria das marés tardias.
Arde em mim o resquício de
uma saudade insana,
um desejo obscuro de rever
teus olhos, sentir por
uma fração de segundos que
seja tua presença
física em mim.
Entretanto, esse mesmo tempo
que passa feito uma breve
rajada de vento
não me deixa esquecer
que esse amor outrora sentido
também adormece no
recôndito pensamento.