PODE SE MORRER NA SOLIDÃO

P O D E S E M O R R E R N A S O L I D Ã O

Não deixes seus ossos ao sol

Trate a úlcera do seu coração

Pois existem pedras no caminho

E há espinhos na haste da flor

Estabeleça seus objetivos

Nem sempre estar cercado seja acompanhado

Acontece de se estar rodeado de ilusão

Sons, risos, braços, pernas, mas só...

De que adianta clamar por alguém?

Soluçar! Nem assim responderão

Seu grito irônico ecoará pelo deserto

Pode se morrer na solidão

Lamuriar! Pura perda de tempo

É tão real o cálido luar

Busque tua terra prometida

Beba da água do oásis

Olhe a sua volta: solitária

A solidão está dentro de nós

Ortros! Abasteça se de retidão

Górgona! Clame por mãos estendidas

Não aceite o pânico

Cante lindos versos ao crepúsculo

Segrede brandos verbetes que não dizem nada

Murmure sons desconexos para a solidão

Cuidado! Nunca é tarde para viver

Enxugue as lágrimas

Tens da terra ao azul do céu

Ainda assim não tens nada

É imenso o rio do abandono

É intensa a memória do rancor

Veja que a vida não é feita de brocado

Aonde andará seu par?

(dezembro/1985)

Aleixenko
Enviado por Aleixenko em 03/03/2011
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